Existe uma lenda no mundo espírita de que Xangô tem aversão à morte e a doença e por isso, filhos de Xangô não trabalham em corrente de desobsessão e jamais incorporam Omulu. Além disso, não podem ter guias na linha das almas, na linha de Omulu.
Na verdade, Omulu está próximo de todos aqueles filhos que estão na hora da morte, pois como é o Orixá que milita nos campos da doença e do cemitério, é ele quem recebe o corpo do recém falecido e dá maleime ao doente que não aguenta mais seu sofrimento. Da mesma forma atua Nanã, que é o Orixá da morte, propriamente dita, da transmutação, e por isso está presente nesse momento, fazendo a sua parte, atuando na sua vibratória.
Nada impede que um filho de Xangô tenha guais espirituais na linha de Omulu, até porque os Orixás são forças da natureza e por sua perfeição, interagem a todo o momento. Imagine uma linda tarde de sol, na praia, com vento batendo nas folhas das palmeiras e as águas quebrando nas pedras a beira mar. Só nesta curta frase, você já citou a ação de vários Orixás, interagindo em perfeita harmonia: Praia = Iemanjá; Folhas = Ossanhe e Oxóssi; Vento = Iansã; Pedra = Xangô.
O mar, terreno de Iemanjá, também é terra dos mortos, conhecido como "Calunga Grande", ou seja, mais uma interação entre os Orixás.
Alguns médiuns têm em sua coroa a vibração de mais de um Orixá e podem ter fortemente Xangô (Pai de cabeça), porém traços de Omulu. Dessa forma, pode, por exemplo, ter seu Caboclo vibrando na linha de Xangô e seu Preto Velho na linha de Omulu.
A interação entre Omulu e Xangô é uma realidade, ao contrário do que se pensa, e pode ser representada por Xangô Abomi e Xangô Aganju, que são representantes de Xangô na Linha das Almas.
Não permitir que filhos de Xangô trabalhem em desobsessões é um erro grave, até porque a missão principal de um médium é exercer o trabalho fraternal, de ajuda, e impedi-lo de praticar o bem, o auxílio a um irmão obsediado, é uma falha grave.