Espinho cruel a ferir indistintamente é a palavra de quem acusa; cáustico e corrosivo é o verbo na boca de quem relaciona defeitos; veneno perigoso é a expressão condenatória a vibrar nos lábios de quem malsina; lama pútrida, trescalando fétido, é a vibração sonora no aparelho vocal de quem censura; borralho escuro, ocultando a verdade, é a maledicência destrutiva. A maledicência é cultura de inutilidade em solo apodrecido. Maldizer significa destruir. A verdade é como claro sol. A maledicência é nuvem escura. No entanto, é invariável a vitória da luz sobre a treva. O maledicente é atormentado que se debate nas lavas da própria inferioridade. Tem a visão tomada e tudo vê através das pesadas lentes que carrega. A palavra malsinante nasce discreta, muitas vezes, para incendiar-se perigosa, logo mais, culminando na calúnia devastadora. Não há desejo de ajudar quando se censura. Ninguém ajuda condenando. Não há socorro se, a pretexto de auxílio, se exibem as feridas alheias à indiferença de quem escuta. Quanto possível, extingue esse monstro da paz alheia e da tua serenidade, que tenta dominar-te a vida. Caridade é bênção sublime a desdobrar-se em silencioso socorro. Volta as armas da tua oração e vigilância contra a praga da maledicência aparentemente ingênua, mas que destrói toda a região por onde prolifera. Recusa a taça venenosa que a observação da impiedade coloca à tua frente. Desculpa o erro dos outros. É muito mais fácil informar-se erradamente do que atingir-se o fulcro da observação exata. As aparências não expressam realidades. A forma oculta o conteúdo. Ninguém pode julgar pelo exterior. Quando vier a tentação de acusar e apontar defeitos, lembra-te das próprias necessidades e limitações e, fazendo todo o bem possível ao teu alcance, avança na firme resolução de amar, e despertarás, além das sombras da carne por onde segues, num roteiro abençoado onde os corações felizes e livres buscam a Vida Verdadeira. Divaldo Franco Joanna de Angelis