A Umbanda, por não possuir uma codificação doutrinária
que “padronize” seus rituais, usos e costumes litúrgicos no
intercâmbio mediúnico, abriga um grande número de
seguidores e adeptos. Assim como vai esclarecendo,
confortando, promovendo a reforma íntima e evangelizando
através das consultas individuais e assistência espiritual do
Plano Astral Superior, dando alento a todos os necessitados
independente das crenças individuais, ao mesmo tempo sofre
os desmandos de alguns filhos de fé umbandista que se deixam envolver pelo
astral inferior e acabam praticando uma falsa Umbanda: com vaidade, ganho
financeiro, oferendas descabidas e sacrifícios de animais.
Os médiuns vaidosos são os mais visados pelos ataques das Sombras, sempre
dispostos a atender aqueles que se encontram com o ego exaltado. Pela
característica das manifestações mediúnicas na Umbanda, é exigido aos médiuns
um esforço contínuo no sentido de manterem a humildade, eis que não existe Guia
mais “forte” do que outro, pois os critérios que levam à concretização dos pedidos
dos consulentes independem do nome da entidade que assiste o medianeiro, da
sua hierarquia espiritual ou se estão mais ou menos “incorporado” no “cavalo”. O
que leva a brisa benfazeja para os que buscam a Umbanda para a cura, o alento
espiritual, e até algumas questões que envolvam auxílio das falanges benfeitoras
no campo material, é nada mais que o merecimento, associado ao respeito do livrearbítrio
de todas as criaturas.
Essa é a maior dificuldade dos médiuns: discernir as fronteiras tênues do que
intermediam com o Astral – se é adequado dentro das leis de equilíbrio e de
causalidade que regem o carma de todos os seres. A ambição atiçada pelo ganho
fácil e seguidamente provocada pelos elogios dos consulentes, que procuram
agradar os médiuns em troca de favores, trabalhos milagrosos e toda sorte de
ajuda que envolve as situações comezinhas da vida material, é como a ferrugem
que lentamente e sem maiores esforços corrói fina ourivesaria.
Jardim dos Orixás
Ramatis – Norberto Peixoto.