O Espiritismo tem como base a análise e compreensão das comunicações mediúnicas e o raciocínio lógico – fé raciocinada – dos ensinamentos dos espíritos. Portanto, a doutrina não se resume no estudo dos fenômenos espíritas ou do mundo espiritual. Precisamos estudar e, principalmente, vivenciar os preceitos e valores morais que servem de base da doutrina, ou seja, a proposta do Evangelho, que em sim mesmo é universal e não-sectário.
Se não vivenciarmos, no dia a dia, a mensagem cristã, e apenas ficarmos admirados com os fenômenos, agiremos como um homem sedento que encontrou um copo de cristal cheio de água, mas morreu de sede por se demorar admirando a beleza do copo.
A mediunidade, trabalhada com princípios elevados e altruístas, é como um belo cristal a refletir a Sabedoria divina. Os ensinamentos que os espíritos superiores nos transmitem é a água fresca que a humanidade tanto necessita para revigorar seu espírito sedento de Paz.
Quando falamos em tratamento espiritual, nos referimos não apenas à cura do corpo físico, mas, sobretudo, à cura da alma.
Os ensinamentos que os espíritos elevados nos transmitem têm como objetivo despertar a consciência humana para seus potenciais divinos. Os distúrbios emocionais e psíquicos, conforme nos ensinam, causam desequilíbrios energéticos que acabam desestruturando a harmonia celular, culminado, assim, nas doenças comumente diagnosticadas pelos médicos.
Portanto, devemos entender que a proposta maior do centro espírita não é a de substituir o hospital. Isso seria, até mesmo, contra a legislação brasileira. Sua missão maior é fornecer subsídios para que a criatura humana encontre condições para efetuar o seu amadurecimento e equilíbrio espiritual, o que trará, como consequência, o bem-estar e a saúde integral. Para tanto, muitas vezes se faz necessário o uso de determinados recursos, como sessões de desobsessão, passes e fluidificação da água. Jamais um dirigente espírita deverá recomendar a suspensão do acompanhamento médico.
A mediunidade é um fenômeno espiritual que ocorre com muito mais frequência do que imaginamos. Interagimos, em maior ou menor grau, com os espíritos em nosso dia a dia. Por se manifestarem em planos mais sutis, imperceptíveis para a maioria, com leis ainda desconhecidas pela ciência acadêmica, temos dificuldade em compreender suas influências.
Em potencial, todos somos médiuns, independente de nossa religião, pois a mediunidade é algo inerente ao espírito (lembre-se de que você é um espírito, apenas está temporariamente encarnado). Porém, as pessoas não possuem a mediunidade no mesmo grau. Alguns a possuem em estado bastante aflorado, de forma ostensiva; outras, a possuem apenas em estado latente e recebem do plano espiritual apenas uma vaga impressão. Costumamos chamar de médiuns aqueles que possuem esta faculdade de maneira ostensiva, portanto, poucos podem ser considerados médiuns (ostensivos).
Mediunidade não significa, necessariamente, que a pessoa que a possua seja um espírito evoluído. A grande maioria dos médiuns recebe uma preparação em seu perispírito (corpo astral) antes de reencarnar, para estarem em condições de exercer a mediunidade. Muitas vezes, é uma expiação, sendo uma valiosa oportunidade de evolução e de repararem os erros cometidos em outras encarnações através da caridade, do auxílio ao próximo. Portanto, mediunidade deve, sempre, rimar com caridade e responsabilidade!
Artigo publicado na edição 81 da Revista Cristã de Espiritismo.