Plantas alucinógenas

Em uma conversa foi-me relatado que alguns locais que se dizem Umbanda estariam fazendo uso de “santo daime” ,outros do “macerado de catimbó” e,o que mais assustou-me, diamba (maconha) para a estranha “falange de malandros”.

Cogumelos sagrados usados ritualisticamente no México, vinho de jurema usado no Catimbó , mescal ou peyolt usado pelas populações indígenas na América Central e na Igreja Nativa dos EUA , caapi e chacrona usados na Santo Daime , datura stramonium usada por algumas populações indígenas dos EUA, etc , são plantas alucinógenas cujos efeitos variam de pessoa para pessoa dependendo da constituição psicobiofísica e dosagem . A única certeza científica é que produzem uma alteração na percepção da realidade dos usuários que vai do bem estar à alucinações e delírios como também afetam a fisiologia causando de sudorese ,dilatação das pupilas, taquicardia, náuseas, vômitos ,etc.

Condeno as seitas e seus seguidores por seu uso?
De forma alguma.Esta é a crença deles e com certeza absoluta de nada valeria uma possível condenação minha .Se a ciência , se a justiça, se a sociedade condenar irão tranquilamente,em nome da fé, continuar a fazerem uso; Portanto minha manifestação seria inócua e sem importância alguma além de ser uma agressão adentrar nas normas e ritos de uma fé que não professo, que não sou seguidor.

Sou favorável então ao uso de tais plantas alucinógenas?
Bom. Aí já modifica bastante o enfoque. Tenho 2 filhos (um com 25 anos e uma com 6 anos) e como pai zeloso em quem Deus confiou a guarda e, consequentemente, a educação intelectual e moral destes 2 espíritos jamais iria ser favorável ao uso de substâncias que tirassem a plena consciência nem que fosse por alguns segundos. Jamais avalizaria o uso de algo que com a promessa de espiritualização pudesse faze-los trilhar por um caminho tortuoso, de enorme sofrimento e de ,muitas vezes, sem volta.
Quem é pai (e mãe) como eu quer seus filhos na mais plena saúde física,intelectual, mental e espiritual .

Como Umbandista, o que acho sobre tais plantas alucinógenas?
Nada , desde que não ultrapasse as portas dos Templos Umbandistas.

Primeiro que em nossa religião basta uma oração ,uns bons pontos cantados ,uns bons banhos ,uma boa concentração para que nos liguemos à Espiritualidade Superior. Nada supera uma irradiação de um Espírito que dirá a incorporação. Quem poderá afirmar se à base de alucinógenos estaríamos tendo algum “contato superior”ou se seria apenas delírio proporcionado pelos desarranjos químicos em nosso cérebro?

Segundo que estaríamos caminhando perigosamente para um “vale tudo” ,onde muitos achariam a justificativa de fazer uso de maconha ou cocaína ,na nossa já tal mal afamada e perseguida Umbanda pelos seus detratores.
Se mal conseguimos explicar suficientemente o uso de tabaco e álcool em nossos rituais que dirá de substâncias condenáveis aos olhos da maciça maioria da sociedade? Seriamos além de “macumbeiros de despachos”, “adoradores do demônio” , “fazedores de magia negra” incluindo rituais de morte , “carregadores de encosto” , etc,etc , ainda estaríamos associados à usuários de drogas.

Não vejo a Igreja Católica ,nem a Igreja Protestante nas mais variadas vertentes, nem as seitas Evangélicas nas mais variadas vertentes defenderem o uso de tais plantas em seu seio.

Podem explicar: Estas não fazem do contato com a Espiritualidade via mediúnica como prática em seus ritos.
Pois bem! E a Doutrina Espírita? Também não defende tal uso, ao contrário mostra-nos o prejuízo que tal prática pode acarretar.
P
odem ainda afirmar: É, mas a Doutrina Espírita não tem rituais.
O Candomblé tem rituais mas também jamais vi ou ouvi relatos de Barracões sérios e respeitáveis adotarem a prática de utilizar substãncias alucinógenas.

Nada disto justifica porque cada religião tem suas práticas que independem das outras.Certíssimo! Mas por quê tem que ser justamente a Umbanda para resolver adotar práticas que só servirão para Ela ser mais execrada do que já é? Menos respeitada do que já é? Mais mal vista do que já é?

Afinal a Umbanda é curva de rio onde só enrosca porcarias????

Lutamos há décadas para mostrar à sociedade a beleza , a pureza e a iluminação da doutrina e da filosofia Umbandista. Lutamos para derrubar muros e construir pontes entre nós,Umbandistas sinceros e verdadeiros, e as demais pessoas que não A conhece , que não A compreende.

Lutamos não para converter as pessoas pois não somos proselitistas mas para que vejam que a Umbanda é uma religião séria seguida por pessoas sérias com os únicos intuitos básicos de prestar a caridade pura e adquirirmos conhecimentos com conseqüências morais que nos farão pessoas melhores neste mundo e menos necessitadas no próximo.

A Umbanda ,por tudo que já nos deu, por tudo que já nos proporcionou, não merece que nossa omissão em nome do “politicamente correto” venha à macular a brancura da sua bandeira da paz, caridade e iluminação. Tenhamos pois nossas portas abertas aos necessitados ,encarnados e desencarnados, mas estejamos atentos para que determinadas coisas fiquem da soleira para fora sob pena de ,futuramente, vermos nossos Templos iluminados se transformarem em porões escuros.

Querendo ser tudo não seremos nada. Respeitemos as seitas que destas plantas fazem uso mas sejamos uma alternativa àqueles que buscam o contato com a Espiritualidade sem subterfúgios, sem elementos que agridem nossa percepção , apenas com Fé, oração, pontos cantados, vibrações; Ofereçamos a pureza e a simplicidade de nossos rituais; Ofereçamos a luz da Umbanda.

Anjo Ariano
Luz e Paz

2 Comments

  • Anônimo
    8 de maio de 2014 às 19:33 | Permalink

    Não compreendo este preconceito com o "cigarro de angola", ou a popular maconha.
    Se analisares a história brasileira, verás que a maconha foi sim utilizada em rituais que deram origem a umbanda, assim como em seus primórdios, e justamente por isso que, antigamente, era conhecida por cigarro de angola.
    Assim como a capoeira, muitos rituais da cultura africana foram e são "demonizados" e criminalizados pela sociedade brasileira "cristã", inclusive o uso da maconha.
    Para uma melhor compreensão no assunto, recomendo a leitura do artigo "Proibição da maconha no Brasil e suas raízes históricas
    escravocratas" de autoria de Andre Barros e Marta Peres.
    Agora, retiro excerto do texto que explica como o cigarro de angola teve que ser excluído do ritual de umbanda:
    "Já nos anos 1940, embora Filinto Muller, influente chefe da
    polícia política de Getúlio Vargas, declarasse que a Umbanda não
    fazia mal a ninguém, invadia e quebrava todos os terreiros que
    insistiam no uso da maconha. Como havia o desejo da Umbanda, que
    estava se estruturando, ser reconhecida como religião, subtraiu-se o
    uso da maconha de suas práticas para obter esse reconhecimento.
    Identifica-se aí um traço de embranquecimento, ainda que forçado,
    da Umbanda. Ao mesmo tempo em que eram descriminalizadas as
    religiões de origem africana, a capoeira e o samba, a maconha foi
    criminalizada pelo artigo 281 do Código Penal de 1940"

    Por tanto, acho que fostes um tanto infeliz ao comparar maconha a cocaína.
    Espero ter ajudado, mas desde logo enfatizo novamente: a diferença entre o veneno e o remédio está na dosagem.




  • 14 de julho de 2014 às 15:46 | Permalink

    Excelente opinião
    mas, eu que to pesquisando sobre a umbanda graças ao uso das plantas enteógenas, devo dizer que há algumas ressalvas

    Não sou contra que um umbandista diga que não aprova o uso dessas plantas em seus ritos, mas garanto que qualquer umbandista pesquisar sobre as plantas, vai ver que elas são perfeitamente saudáveis e que não há nenhum mal em usá-las

    Há as plantas enteógenas, que entram a ayahuasca, a jurema, o cogumelo tconanactl ...
    sou um cético, ateu de carteirinha, usei e as plantas me revelaram coisas além do que os ritos me revelariam ou os livros.
    Vi orixás (as plantas abrem o canal de percepção), senti a presença de seres superiores
    e também exulsei os inferiores
    Por isso minha recomendação é que se olhe pra o uso dessas plantas com um pouco mais de atenção.
    Ninguém tá "fazendo a cabeça", aliás, quem vai usar as plantas achando que é "onda", tá muito bem encrencado.
    As plantas possuem uma espécie de espírito próprio, elas vão mandar o usuário ao seu lugar merecido lugar

    Não sei mais o que dizer, só garanto que a experiência com os enteógenos é uma experiência perfeitamente saudável
    e obviamente há que as usa sem o mínimo de educação e respeito, esses vão tá fora do caminho muito cedo
    pode ter certeza

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